Pássaro de papel.
Pássaro voando alto, percorrendo o céu
por sobre as nuvens és capaz de enxergar
então diz-me pássaro, o que há?
porque eu já não consigo mais ver
nem mesmo o que a minha frente está,
jogaram areia em meus olhos, ave,
o que faço agora? para onde irei?
o horizonte e o belo sol nascendo
jamais o verei.
Quem me cegou pássaro belo, não tinha
essa intenção, pois não se cega o coração,
então meu magnífico amigo, não serei mais
capaz de acompanhar-te voar livre pelo céu,
pois tenho uma alma fraca, feita de papel,
fui capaz de planar por muito tempo
até que a areia pesada me fez descer
enquanto eu ainda não estava pronto,
não consegui ascender por sobre as nuvens,
e o último horizonte que recordarei
é o de um dia fechado.
Meus ossos não foram partidos, mas
cortaram minhas asas, não voarei mais,
porém na verdade, jamais voei, tudo foi
apenas uma miragem, como o arco-íris
que eu tanto busquei o seu fim
apenas para descobrir
que ele não estava ali.
Então pássaro, não deixes de cantar,
para que eu possa te escutar
e continuarei a sonhar através de ti,
serás o espelho partido da alma
que perdi quando ao chão
eu desci.
Vou subir na colina mais alta
escalarei as montanhas a te procurar,
mas sei que você não estará lá,
pois estou preso ao solo
e você está
a voar.