Danos

Vêz em quando, ainda abro

o guarda roupa das lembranças,

tiro de lá uns ossos polidos

de tão gastas esperanças.

E vem a saudade de nós,

dos pós do nosso armário,

das roupas de qualquer jeito

e dos sapatos ao contrário.

Vêz em quando me olho

naquele mesmo velho espelho,

à procura do que um dia fui

e à espera d'alguns conselhos.

Conselhos que já não posso dar,

porque ultrapassado em anos,

sei que agora, é besteira ficar

me causando tantos danos