História Vazia
Foi fácil te amar, foi fácil saber que me amava, fácil saber que lhe tinha ao meu lado, mesmo que longe de mim, fixada onde os teus segredos eram a tua rocha e teus gritos da verdade podiam ser abafados no silêncio ao qual eles não puderam quebrar.
Só os atos de teu ser, te desobedecendo sutilmente, podiam dar os sinais de teus gritos, de tua insatisfação, o conteúdo da caixa de pandora que não podia ser revelado, que se escondia atrás de teu olhar, astuciosamente brando, inofensivo e inocente.
Foi fácil saber que estava tudo bem, enquanto não ouvia seus berros em voz baixa, fácil saber que o sonho enganoso estava sendo vivido, aparentemente firme como a espada na rocha, seguro, como se fosse eu invulnerável a traumas e dores, como se não houvessem lagrimas para serem choradas, como se não houvesse um coração para se espremer e arder incessantemente, em um cárcere de dores e desilusões.
Não era questão de ser e de estar, de fazer ou de tornar-te feliz,
era questão de não me deixares ouvir seus gritos, sempre que quis e sempre que os dava, era questão de através de seus berros e gritos estridentes que se abafavam dentro de ti, deixar me ouvir, que não existia sonho algum sendo vivido, muito menos fixado na rocha, sendo a única rocha, os teus segredos, tão intransponíveis,
onde nada teria e teve chance de passar, muito menos o amor
que tentei te dar e que em teu coração não foi recíproco.
Foi fácil acreditar que eras o doce de minha vida, foi fácil viver uma mentira, uma mentira que me confortava, foi fácil saber que o meu
tudo foi você e não havia o que pudesse sequer tentar mudar isto, difícil foi saber que o meu nada também foi você, no espaço vazio que deixou em meu peito, que a certeza sobre o "nós" não existi mais e que o amor que te dei hoje não passa de uma simples palavra desperdiçada em versos, que voltaram vazios, nesta história que em verdade também foi vazia.