Medíocres Tempos
Não gosto do ódio difuso,
do mal querer confuso.
Tenho critérios para oferecer
o que de melhor pude tecer.
Talvez fosse mais prudente
fingir-me leniente
(ou só bobo contente),
mas não consigo achar certo
fingir que há água no deserto.
Não busco os acepipes
que desagradam os meus apetites.
Não me importa ser amado
pela hiprocrisia d'algum fossilizado.
Antes, anseio pela pajelança
que haverá de parir a deusa Mudança.
E que presto se instaure,
ou que presto se restaure
a nova Ética, a nova Estética
onde o Belo e o Correto
por si serão,
livres do miúdo padrão
que a mediocridade
espalhou por nossa idade.