O TEMPO QUE LEVOU (O pouco que sou)
Na indecisão de cada linha, posso me ver em cada traço.
Minha mente, alma e corpo, no passado vejo o laço.
Meus olhos enxergam sem luz, minhas mãos obscenam a cruz, minha boca profana maldição, refletindo os desejos do meu coração.
As vontades martirizam o pouco que sou.
Os medos sepulcram o que o tempo levou.
Os gritos expõem o pouco que sou.
Os sonhos e risos o tempo levou.
Lembranças e restos definem o pouco que sou.
A esperança e a certeza o tempo levou.
O isolamento amarga o pouco que sou.
A liberdade que nunca tive o tempo levou.
Em frente ao espelho não vejo o que sou.
O pouco que sou o tempo levou.
Vivo sozinha, em cada letra um pedaço.
Minha mente, alma e corpo, no passado vejo o laço.
Meus olhos rejeitam a luz, minhas mãos presas junto à cruz, minha boca dita minha condenação, o tempo matou os desejos e levou meu coração.