Vênus ambígua
Vênus ambígua
Um sorriso bonito, incipiente, máscara de tristezas, um outdoor de beleza, Fídias tatuado na face.
Uma escrita inédita, iconoclasta, profanando, pertinaz conjurada, as virginais primícias da página.
Vida! Elidai com teu feérico grito de Vontade o vômito gélido da apatia da morte, ambíguo e fatal desenlace.
Exorcizai, pressurosa, este banquete macabro, prenhe de regurgitos, brinde em indesejado cálice impingido.
Embuçai em pesadas, definitivas cortinas, este rio caudaloso, invisível afluente de lágrimas, salpicada pátina.
Não deixai insepultos na desídia, nos cinismos sargaços, fantasias profanas, utopias sonhadas, amores intensamente vividos.
Lua nova, meu olhar se oculta, perquirindo do Tempo suas incompreensíveis, inescrutáveis razões
Que se querem sutis, sorrateiras, petrificadas, monstruosas marés de senões.
Siderais, impacientes, subvésperos, mnemônicos pífanos, trombeteando incessantes, ancestrais e inquietantes questões
Que se fazem, de improviso, presentes, latentes; argüindo, pejadas de siso, devaneios erráticos a forçar os portões.
Sorumbáticos, ataviados de noite, extraviados de deuses, abstraídos de fé, homens se esbatem, aflitos, coroados de ásperas indagações.
Irresoluta, essa Vênus atávica, enclausurada em hiatos, anestesiada em onomatopaicas paixões.
Podemos escolher entre o fácil caminho do seguir a trilha da boiada, da busca de aceitação para nossas ações, ou então trilhar o espinhoso caminho da inovação, do questionamento constante, tanto proveniente de nós mesmos, como vindo do mundo externo.
De qualquer maneira, em nenhuma dessas escolhas que fizermos se elide o conflito, matéria prima da construção da vida, tal qual a percebemos.
Vale do Paraíba do Sul, Tarde do último Sábado de Novembro de 2009
João Bosco (Aprendiz de poeta)