O Mudo

Claro está

que nunca falei o que fosse pra tê-la aborrecido,

pois não há

o que essa boca pudesse um dia ter produzido,

sem falar

nas noites e madrugadas em que eu, desadormecido,

quis tentar,

entre risos e gargalhadas meu olhar tão envolvido,

te contar

com toda a minha vontade que, eu ter te conhecido,

era estar

no próprio topo do mundo, achando que tinha podido

encontrar

alguma felicidade nos dias que tinha vivido.

O dia vinha surgindo.

Levantei-me cedo da cama

pra te dizer o que nunca pude,

pra te dizer o que nunca soube.

Mas não estavas ali pra ouvir

o que eu não podia falar,

mas que irias logo entender,

nem que o passarinho que fosse chegar

a voz pudesse me oferecer

na brisa fresca da manhã sem sol.

Assim são os dias pra mim,

sem ti a meu lado pr’eu ver

a chance de nunca eu ter

podido teu nome chamar...