O poema cru

"I am in a world of shit"

Napalm Death 'Utopia banished'

Morremos tantas vezes

Que não sabemos o quanto morremos

meus hercúleos braços repousaram em derrotas

os olhos de sagazes águias rebentaram nas órbitas

crua

a vida

sórdida e visceral

temos uma chance para desistir

tantas outras para tentar

nenhuma sombra que se revele mágica

para ofuscar o sol delirante,

restarão teus cabelos negros quando, aos poucos

a eternidade e o tempo te consumirem?

Morremos todos os dias

quando matamos tudo ao redor

quando fingimos a serenidade

nos abismos profundos do ódio,

cru

o poema, uma mensagem em oceanos de ninguém

a vida

uma dádiva, um grito, uma sensibilidade

meus braços heróicos se abaixaram,

crua

a vida.