OLHOS TURVOS
Mesmo com tanto oxigênio
sinto vertigem, me falta o ar ao respirar.
Aqui dentro o dia é escuro.
Meus olhos turvos estão ofuscados
diante da espessa fuligem.
Sinto-me confuso.
Por todos ângulos que me vejo
a tristeza é aguda,
e meu ser é obtuso.
A vida breve segue iludida.
Em algum lugar de minha desértica alma,
um grito de agonia em permanente repúdio,
anuncia o prelúdio da calma perdida.
Não sei se é tarde ou cedo.
Cedo ao medo o lugar que outrora fora
ocupado pela alegria tardia.
E mesmo vivo, na verdade,
meu corpo está em pé em dolorosa vigília
à minha alma estendida de mãos juntas
sobre o peito inanimado num frio e áspero leito.
E a reclusão indecente, torna tudo reticente
na carência conjunta de um eterno imperfeito.