É noite...

Povoado por meus silêncios

Rondado por rumores estranhos

Que a mim nada dizem

Visto meu velho casaco

Tão surrado quanto o dono

Em algum bolso alguns trocados

E a carta do teu abandono

Destranco a porta de casa

Tranco-me por dentro e saio

Percorro a rua dos insones e insanos

Passo pela praça sem graça

Às putas que me gravitam

Resmungo que não sou caça

São vaga-lumes frios

Que em nada me aquecem

Certeza que já me esquecem

Em algum bar me refugio

Refúgio das minhas dores

Não sei se sou eu que consumo o álcool

Ou se é o álcool que me consome

Sigo assim, um ser disforme

Estranho de mim

Estranho no mundo

- Roberto Coradini {bp}