Quem dera ... (Oxalá)

Oxalá que as folhas

não te toquem o corpo

quando caiam,

para que nunca possas

converte-as em cristal,

oxalá que chuva

deixe de ser o milagre

que desce no teu corpo,

oxalá que o desejo

fuja trás de ti,

oxalá que a terra

não te beije os passos.

Oxalá se te acabe

a mirada constante

a palavra precisa,

o sorriso perfeito,

oxalá passe algo que te apague de repente

uma luz destrutora,

ou um disparo de neve,

oxalá pelo menos que a morte me releve

para não te ver tanto,

para não te ver sempre,

em todos os segundos,

em todas as visões.

Oxalá que a aurora não de gritos

que espalhem a saudade,

oxalá que teu nome

se lhe olvide a esta voz,

oxalá que as paredes

não retenham teu ruido,

de alma descalça,

oxalá que a lua

possa sair sem ti,

em meu velho caderno,

de difuntos amores.

Oxalá que eu não possa, ... tocar-te,

nem em canções.

Daniel Dantas
Enviado por Daniel Dantas em 15/11/2009
Reeditado em 22/11/2009
Código do texto: T1924655