Quem dera ... (Oxalá)
Oxalá que as folhas
não te toquem o corpo
quando caiam,
para que nunca possas
converte-as em cristal,
oxalá que chuva
deixe de ser o milagre
que desce no teu corpo,
oxalá que o desejo
fuja trás de ti,
oxalá que a terra
não te beije os passos.
Oxalá se te acabe
a mirada constante
a palavra precisa,
o sorriso perfeito,
oxalá passe algo que te apague de repente
uma luz destrutora,
ou um disparo de neve,
oxalá pelo menos que a morte me releve
para não te ver tanto,
para não te ver sempre,
em todos os segundos,
em todas as visões.
Oxalá que a aurora não de gritos
que espalhem a saudade,
oxalá que teu nome
se lhe olvide a esta voz,
oxalá que as paredes
não retenham teu ruido,
de alma descalça,
oxalá que a lua
possa sair sem ti,
em meu velho caderno,
de difuntos amores.
Oxalá que eu não possa, ... tocar-te,
nem em canções.