QUANDO EU ME FOR

Quando eu me for, não sei que dia

Terei vivido com humor, com alegria

E irei como quem vai passear

Sei que deixarei muitas arestas.

Mas não quero choro. Talvez festa

Para onde vou, não quero voltar.

Nada de abraços, de cenas chorosas

Nada de luto, apenas algumas rosas

Lembrem-se deste meu pedido.

Se possível nunca falem das dores

Falem das piadas, falem dos amores

Sem segredos, porque afinal já terei ido.

Depois que eu for, terão até o direito

De falar mal, de realçar meus defeitos,

De que não fui uma boa semente.

Não lembrem do sujeito mal humorado

Sério, sarcástico, irascível, afobado

Apenas do bonachão inconseqüente.

Passei por aqui, nem boa nem má conduta

Tive brigas, talvez nem tenham sido lutas,

Nem sei se fui bom ou não, se mereci os amigos.

Fui alegre, fui triste, como qualquer homem

Em alguns anos nem lembrarão do meu nome.

Que estará apenas em letras desbotadas no jazigo.

Luiz Lauschner
Enviado por Luiz Lauschner em 14/11/2009
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