Quisera
Quisera-se ser eu que fizera,
Meu silencio ter-se como grito,
Engolido, parado, sufocado,
Esguio lento e macio.
Quisera-se eu que fizera,
Solidões internas, minhas,
Abafadas por lamentos, castigos,
Em lodo lento e sombrio.
Se gritos flores quisessem,
Jardins de vidas teriam,
Silêncios que soltam sementes,
De luas saldáveis sadias.
Porque se foi o que eu quisera?
Porque lamentos só restam em mim?
Porque não voltam aqueles sorrisos?
Porque as dúvidas sorriem pra mim?
Só restam-me as quimeras,
Longínquas de sóis a sós.
Abafadas por desejos,
Por ensejos,
Por mim.