COMA EXISTENCIAL
O amargo não está só em minha boca.
Noite após noite, embriago-me em angústia.
Dia após dia, acordo em profunda ressaca emocional.
Somando-se as semanas aos meses,
encontro-me em coma existencial.
Equilibro-me feito um bêbado
sobre a navalha afiada.
Feri a mim mesmo,
feri que não merecia.
Com o estômago revirado
vomito tristeza e apatia.
Sinto-me como alguém jogado na sarjeta.
As roupas novas não escondem
meus trapos emocionais.
Escrevendo compulsivamente
vou expulsando meu inferno interior.
Mas meus atos sempre retornam.
Com o tridente em riste,
esbofeteia minhas faces,
e me lembra de quem realmente sou.