POEMINHA DA SAUDADE

Toquei teu corpo.

Tudo parecia tão perfeito: o cheiro, a pele, o desejo.

Enrolei teus cabelos finos entre meus dedos

E cheguei mais perto.

Quando abriste os olhos

Vi vontades idênticas

E um abraço enroscado pareceu matar a sede

Dos ideais de amor perseguidos.

Olhei teu riso demoradamente

E lembrei do quanto gostávamos dessa cunplicidade.

De lamber o nosso suor

De tentar entender as nossas alegrias

E sanar as possíveis tristezas.

Quando amanheceu,

Cruzei a rua ainda em êxtase

E chorei um choro tão intenso e calado

Que até os pães que trazia comigo

Se encolheram no pacote

Para não incomodar.

De volta,

Abri a porta do apartamento

Dei comida aos peixes

E fui até o quarto

Em busca daquele calor

Sem necessidade de serenidade.

Não havia nada.

Não havia ninguém.

Mesmo as palavras tecidas à noite

Faziam parte do sonho entorpecido de ter novamente

O que jamais voltará a ser.

Liguei o computador

Peguei os e-mails

E chorei.

Só podia fazer isso.

Nada mais nem menos.

Olhei o sol pela janela

E voltei à rua em busca dos temperos esquecidos.

Guardarei até a morte

Ou além dela

Esta sensação de perda em vida

Que deixaste cravada no âmago do meu sentir.

Nem o teu sumiço evitará a mágoa

Ou apaziguará esta sensação dolorosa

De amar, amar...

E acordar sem te ter por perto.

Creio que a isso se possa chamar SAUDADE.

11-11-2009

08:54

Iza Calbo
Enviado por Iza Calbo em 11/11/2009
Código do texto: T1917220
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