A BREVE ETERNIDADE DO MEU EXISTIR
Enlouquece-me a situação em que estou.
Estou mergulhado em areia movediça.
Por mais que eu mexa não saio do lugar,
enquanto meus pés não sentem a profundidade do fim.
Em alguns momentos queria não saber escrever.
Deixar de lado esse suposto dom.
Para quem sabe encarar de frente a realidade,
esquecendo os versos e rimas de pura ilusão.
Sou escravo de minha insegurança.
Muitas vezes me sinto mais uma criança grande.
Perco a noção do como a vida realmente é,
e desvio a atenção do que é importante.
Esse vendaval mental que se apossou de mim
pode ser um castigo pra tudo de errado que eu fiz.
Devido a meus atos impensados,
duas famílias ficaram desintegradas.
Talvez eu tenha que cumprir a minha pena em silêncio.
Conviver durante toda a breve eternidade do meu existir
com a dolorosa sensação de estar só, mesmo com alguém ao meu lado.
Minhas relações efêmeras são como uma coroa de espinhos
cravadas no fundo de meu coração mesquinho.
O prazer foi intenso, e na maior parte das vezes
durou o mesmo tempo do momento do gozo.
Durante um tempo pude sentir tudo diferente.
O amor realmente se apossou do meu ser.
Mas alegria e tristeza passavam muito rentes.
Hoje não sou o que pareço ser.
Minha aparência nada mais é que um mero disfarce.
Eu mesmo me pus fora do jogo,
pelos meus atos tornei-me discarte.