FRUSTRAÇÃO
A multidão é grande e agitada,
parece que todos têm pressa...
Rostos surgem e desaparecem
como que levados pelo vento,
corpos esbarram uns nos outros,
batem, empurram e se vão.
As luzes dos carros ofuscam,
iluminam os vultos
e cegam os olhos.
Na calçada um ancião fuma nervosamente
na espera, talvez, de quem não vem...
Um menino chora,
um mendigo estende as mãos no gesto de pedir.
Uma buzina ao longe,
a confusão aumenta,
as fisionomias se alegram,
um ônibus chegou...
Um jornaleiro grita as manchetes,
fala de guerras, de fome,
e ninguém ouve.
Nem mesmo o acidente recém acontecido
consegue desviar a atenção dos que esperam...
O murmúrio cresce,
olhos se estendem na distância,
se perdem na escuridão
na esperança de avistar.
As fisionomias se contraem,
um ônibus partiu...
Lentamente meus olhos se desviam
para o nada,
meus passos me conduzem para a noite
e eu choro.
É que em meio à multidão
eu também te esperava...