Tempo do tempo todo

De repente o vazio da angústia invade

e só penso no mar, o mar, cada vez mais

sendo mar

Cada vez aquele som silencioso que nos leva e traz

sem vontade de ir

e só vai, só vai...

Querendo vir, e indo, vai a vida, o todo, o projeto,

o dinheiro, o conhecimento, a alma, a dor, a desilusão

de ver seu alguém, que não és ninguém, querendo outrém,

sendo querido, beijando o avesso, o outro,

um amor puro arrancado na raiz pelo topo,

um só puxão,

arrancado pelo acaso,

ou um desejo qualquer, impossível

indeterminado pelo não...

De fato, de repente...

só queria, mesmo que falsamente,

ou por poucos segundos,

desistir...

Entender que o tempo que eu demando

não conecta com o demandado...

sou um poeta solto, embaralhado no tempo e seus fios,

um laço sem nó, frouxo e solto no ar,

no vento,

em algum tempo...