Precipício

Andei por uma rua deserta

Chutando as pedrinhas no chão

Tentando enfiar na cabeça

Que preciso te tirar do coração.

Senti o vento soprando

Arrastando as folhas quebradas

Enquanto sentia aqui dentro

Cicatrizarem as feridas passadas.

Senti o gosto da chuva

Tocando meu rosto em silêncio

Apagando umas lágrimas tristes

Levando embora este sentimento.

Enquanto teus olhos dormiam

Os meus partiam pra longe

Levando consigo só as dores

E no peito vazio um buraco.

Calei tuas palavras doces

Furei teus olhos sonhadores

Arrebentei teu peito envenenado

De amores que numa chama se consomem,

Matei a vida em teu olhar.

E agora estou voando pro fim do precipício,

Com a liberdade cortando meus ossos.

Com a culpa esmagando minha alma.

Com os meus olhos vagos fitando

Um risco de solidão que passa,

Enquanto a queda sem fim

Arranca aos poucos as batidas

De um peito que sem querer silencia-se

Num sopro mudo no chão.

Marina Dalmass
Enviado por Marina Dalmass em 26/10/2009
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