SOLO ESTÉRIL
Faz tanto tempo que caminho em solo estéril,
Por intermédio dessa triste maldição,
Que fiz império no reinado da escória
Da vã memória que habitou meu coração.
Quão violentos os desejos da minha carne,
Invalidada no desuso do meu corpo,
Fui dissipando na ferida que se abre
Em cada frase que auferi num gesto morto.
E foram estorvos que colhi no meu caminho,
Ouros mesquinhos de enorme falsidade,
Onde cravei incessante meus espinhos,
Acorrentando em meu peito a liberdade.
Até que um dia percebi que era tão tarde.
Todos meus atos de extorsão cobraram um preço
Que eu paguei me condenando a mocidade,
Quando cavei e não achei um recomeço...