Sonhei que você morria em meus braços...

(poema inacabado – eternamente)

Eu não estou a fim de prosseguir.

Impeça-me de mostrar o meu ponto fraco.

Você não precisaria falar se me ouvisse

e tentasse montar o quebra-cabeça.

Só tenho um mínimo conhecimento

a respeito do meu papel.

Ainda me recuso a imaginar

que você nada entendeu, para meu desespero.

Esta madrugada sonhei

que você morria em meus braços.

Não lembro tanto das palavras,

ficaram mais os sentimentos.

A languidez do seu corpo,

o filete de sangue que escorria da sua boca

e o gosto dele na minha

ainda insistem a me fazer voltar

a lhe procurar.

Nenhuma pessoa existe,

nenhuma pessoa habita

onde a fé deixa de ser sua

para se tornar posse de quem lhe domina.

Nenhuma pessoa existe,

nenhuma pessoa reside

neste deserto supliciante,

neste abismo entediante de caricaturais recordações

sentimentais...

Sei que minha emoção não é das mais banais;

ao menos sonde o que é em você equivalente.

Meus medos superam meus desejos

e creio que você conhece mais alguém assim.

Temos tão pouco senso de discernimento

e tanto o que aprender...

A convicção das suas decisões, portanto,

pode ainda não revelar a pior faceta

de seu filistinismo patológico...

Sobre o planeta há muitos lugares como esse,

onde gente como você nasce.

A rotina disfarçada contagia

seus pertences, suas posses, suas contas.

Sei que esta nossa condição não se deve

unicamente à nossa própria incompetência.

Mas, seja como for,

colheremos o fruto do desconhecido,

para sempre.

Hoje precisei falar com você.

Falaria a todo custo,

sob o sol ou sob a chuva,

para me certificar de que ainda encontro

motivo para continuar.

Esta madrugada eu chorei [...]

Nenhuma pessoa existe...