Lamento Sertanejo

Quanta tristeza, seu moço eu sinto

em vê minha famia do jeito que tá:

triste, faminta, toda esmulambada,

doente , umiada e, eu sem jeito a dá.

Seu moço, vimo pra cidade grande

fugindo da fome lá do meu sertão

num vimo a passei ou fazer turismo,

mas pra trabaiá pra mode tê o pão

Dói demais , dói de vê :

meus fios chorando , a muié rezando

mode, por milagre aparecê cumê.

Aquí chegando, nada conheceno

nosso sofrimento armentou bem mais

com frio , com fome, dormindo a relento

fizemo da ponte o nosso novo lar.

Seu moço, aquí na cidade grande

onde nossa fome vimo pra matá,

conhecemo a dor, tristeza e agonia,

pois, eu sem trabaio vivo a mendigá.

Dói demais, dói de vê

meus fios chorando, a muié rezando

mode, por milagre, aparecê cumê.

Quanta tristeza, seu moço eu sinto

em vê o discaso que o governo faz

do sertanejo, home tão sofrido,

que lhe deu seu voto e ele nem lembra mais.

Seu moço agente só qué água e terra

pra prantá , colhê e os fios alimentá,

num precisamo de suas esmolas, mas

de sua vergonha no seu governá.

Dói demais, dói de vê

que ocê , seu moço, de nós só se alembra

quando faz campanha mode se elegê.

Celso Pontes
Enviado por Celso Pontes em 19/10/2009
Código do texto: T1874886
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