Sentença
Ontem meu coração perguntou por você:
eu disse que não sabia,
que há muito não te via.
Mas ele, desocupado que é,
continuou a perguntar
sem saber, coitado, o mal que nos fazia...
Expliquei que, sendo poeta,
sou mais palavras que atitudes;
e que não podia fazer-lhe as vontades.
Ele, teimoso como sempre,
começou a aprontar as malas:
“Nos vemos por aí...” e saiu.
Eu? Eu morri, claro.
Mas morri uma morte anunciada...
Aliás, uma morte decretada,
com a sua assinatura no rodapé.