De volta à vida real
Ah, como é triste olhar para essa folha,
E perceber toda a realidade.
Por que tem que ser assim?
Por que não consigo te odiar, como gostaria?
Por que sua lembrança em minha mente
Não traz ódio, não traz indiferença...
Não quero admitir, mas ainda te amo,
Sei que você não me quer,
Sei que não sou nada pra você...
Mas por que tem que ser assim?
Por que você esperou que eu me apaixonasse,
A ponto de não querer te perder?
Por que você não foi sincera,
E deixou que eu vivesse meu conto de fadas,
Enquanto você não tinha um final feliz?
Ah, vou ter que voltar à minha vida,
Ao meu fosso infinito de depressão,
Onde a vida não faz sentido,
De onde você me tirou,
Me mostrou a luz,
E me jogou de volta...
Por que o simples desejo, à minha porta,
Se disfarça tão bem
De amor sincero?
Por que durou tão pouco a felicidade?
Dois meses a banquetear com os deuses
E uma vida a sacrificar-se nas trevas?
Não, você não acredita em mim.
Talvez você jamais lerá isso,
Mas eu preciso escrever...
Porque eu não consigo dizer que te odeio,
Só consigo dizer que te amo, te quero,
E não sei te esquecer.
Me sinto enfeitiçado, sei que não há
Esperanças, mas minha alma é amiga
Da eternidade.
Meu coração não é amigo dos momentos.
Ele ama o que é verdadeiro,
Ou seja, eterno.
Nossa, como queria não dizer isso,
Mas é verdade...
Como é bom te chamar de "meu amor"...
Mas a vida é feita de momentos.
Por isso, ela volta a não me
Fazer mais sentido...
O que fazer? Esperar novamente
Pelo amor verdadeiro? E como saber
Se será eterno dessa vez?
Não... não será eterno...
Será passageiro como esse...
E voltarei às trevas.
Para que sair de lá,
Se é o meu lugar?
Por que alimentar falsas esperanças?
O amor não me convence mais
A acreditar nele...
Só minhas tolas esperanças...
Estou resumido nas falas do poeta,
Só esperarei a solidão, fim de quem ama
E a morte, angústia de quem vive.