Cotidiano

Bem que poderia-te dizer:

Vai,filha,vai ao mar.Mas esta

Vida é tão inútil,esta vida é

Tão inútil,mana, que nada mais vale apena.

O café que se toma no bar,

A moça de nariz adunco que me serve,

A mosca pousada na mesa,

Os automóveis... Essas coisas tão

Banais, e que temos de viver.

Já estou farto de amores!

Como encontrar a amada,mana,se

Nem ao menos me encontro?

Ah! Como eu invejo os pássaros! Se o cais

Não lhes apraz,voam para as outras ilhas.

Voam e não choram,porque não sabem

O que é amar.

Como queria não saber amar! Como,mana!

Pouparia-me de tantas dores. Pouparia-me de

Tantos medos. Partir deste cais, mana, sem malas,

Sem nada. O que haveremos de querer além

De nós mesmos? Ser tão livre quanto os pássaros.

Eles,sim,mana,sabem viver.

Adonay Ramos Moreira
Enviado por Adonay Ramos Moreira em 12/10/2009
Reeditado em 12/10/2009
Código do texto: T1862493