CEMITÉRIO

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Noite sombria, cova rasa, lápide fria

Onde escreverei a derradeira poesia

Tendo como testemunha a alta lua

Bem ao meu lado a minha alma nua

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Saindo de mim num louco devaneio

Ando por entre as pedras sem receio

Grito; um grito alto que ensurdece

O morto que no túmulo estremece

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Arranco do meu corpo a minha pele

Impregnada; o seu cheiro que repele

A minha inspiração; coitada e pouca

Já não me visita mais me pondo louca

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E nesse devaneio sigo e cavo fundo

Enterro o sentimento mais profundo

Findo de vez com esse meu mistério

Declamando o peito meu um cemitério

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(Lena Ferreira)