O logos do logo
Por que o lenço branco em cima da mesa, se ele logo irá amarrotado ao lixo das lamentações?
Por que o sorriso brando de ternura, se ele logo se transmutará em violento desdém?
Por que os abraços carinhosos, se eles logo virão rígidos, em gesto de afastamento?
Por que os beijos quentes, se os dentes, antes cuidadosos, são portadores de agressividade ferina?
Por que o enlace aconchegante, se é semente do silêncio angustiante?
Por que as promessas de futuro, se o presente já é tão vão?
Por que esperança, se o desespero bate a porta?
Por que doces mentiras, se amargas verdades sempre se revelam nas atitudes?
Por que é tão ilusório perguntar o por quê, se as respostas que vêm à tona são tão friamente pragmáticas?
Pra quê?
Por quem tentaria o diferente, se é tudo tão sombriamente igual?