Pássaro ferido
Abri minhas portas, tomei-te nos braços
Como um pássaro tuas asas fragmentadas
Sanei caco a caco foram restauradas!...
Dei-te carinho, me destes frios desprezos...
Dei-te meu ombro para terdes consolo,
Mas nas sombras do teu coração magoado
Conheci minha prisão, e já fadado
A fenecer por ser imprudente e tão tolo
Ao amar quem sua ira sobre mim derramou...
E ao me ferir curastes tua ferida?
Matei-me a lhe suscitar de volta à vida!
Agora jaz só, quem tanto amor lhe entregou...
Tudo de bom que em mim houvera contigo
Voou para a liberdade, belo pássaro
Que me adornou, deixou somente um púcaro
Cheio de dor... Agora sou mero mendigo
Pelas ruas clamando de ninho em ninho
Só uma pitada de amor morno ou candente,
E ter na face o sorrir de quem contente
Esqueceu-se ao lhe ajuntar no caminho...
Carlos Barbosa, 25 de setembro de 2009.