Carta para Marília
Quero dizer-te quando teus lábios calarem
que tu repousas-te em um profundo sono
e que, apesar de todas as sutilezas vis
nele se encontra a verdade do teu silêncio
Quero desenha-la em black-white opaco
e rir, não com minha sinceridade, do resultado
fazendo um retorno ao âmago de minhas origens
e buscar um novo impulso pra refratar tua imagem
Quero refleti-la em um espelho
quebrando o cristal e a película de prata
-Que tão estranho amavio provoca-
e jazer no aziago de tuas lembranças...
Quero mostrar-te- talvez num último impulso-
que entre o céu e a terra sonhos são blasfêmias
proferidas por bocas uivantes, em cada instante,
que gritam absortos pungindo no peito dos fracos
Quero apenas olhar-te um instante à mais
admirar-te e chorar de novo sobre teu corpo puro
esperando que haja, nem que seja inerte,
um momento que se conclua a chama do desejo que habita
em nosso peito
Para que nas horas vagas se entoe um cântico sublime
de uma realidade sonhada pela realidade
e que, talvez, surta efeito dentro das futilidades
mas que, acima de tudo, seja nossa...
Quero entoá-lo dentro do caos
e outra vez dar-te o lamento
de todas as horas que se passaram
de toda uma vida nas entrelinhas
E, ao mesmo tempo te quero tanto...!!!
que diante da primeira imagem me desfaço
na antiga verdade do teu silêncio
e ante os lábios calo a boca
Esquecendo tudo
e acordando outra vez
para um novo mundo
que talvez não exista