Carta para Marília

Quero dizer-te quando teus lábios calarem

que tu repousas-te em um profundo sono

e que, apesar de todas as sutilezas vis

nele se encontra a verdade do teu silêncio

Quero desenha-la em black-white opaco

e rir, não com minha sinceridade, do resultado

fazendo um retorno ao âmago de minhas origens

e buscar um novo impulso pra refratar tua imagem

Quero refleti-la em um espelho

quebrando o cristal e a película de prata

-Que tão estranho amavio provoca-

e jazer no aziago de tuas lembranças...

Quero mostrar-te- talvez num último impulso-

que entre o céu e a terra sonhos são blasfêmias

proferidas por bocas uivantes, em cada instante,

que gritam absortos pungindo no peito dos fracos

Quero apenas olhar-te um instante à mais

admirar-te e chorar de novo sobre teu corpo puro

esperando que haja, nem que seja inerte,

um momento que se conclua a chama do desejo que habita

em nosso peito

Para que nas horas vagas se entoe um cântico sublime

de uma realidade sonhada pela realidade

e que, talvez, surta efeito dentro das futilidades

mas que, acima de tudo, seja nossa...

Quero entoá-lo dentro do caos

e outra vez dar-te o lamento

de todas as horas que se passaram

de toda uma vida nas entrelinhas

E, ao mesmo tempo te quero tanto...!!!

que diante da primeira imagem me desfaço

na antiga verdade do teu silêncio

e ante os lábios calo a boca

Esquecendo tudo

e acordando outra vez

para um novo mundo

que talvez não exista

Tiago da Silva
Enviado por Tiago da Silva em 26/09/2009
Código do texto: T1833596
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