Tenho Pena

Tenho pena de quem, ingênuo, crê

Que a humanidade tem jeito

E cega a si mesmo para não ver

Que é irreparável o defeito.

O que nas entranhas do homem está

Não é verme passível de medicamento

E infestado sempre ficará

Pois o mal está no pensamento.

Me apiedo de quem o dom da razão

Usa para atos mesquinhos

E se esquece que tem coração

Navegando por sombrios caminhos.

Triste é notar o erro de Deus

Ao dar ao humano poderoso instrumento

E guardar entre os mistérios seus

A fórmula para a fuga do secaz tormento.

Pena, eis o que tenho de mim

Pobre homem que brinca de poeta;

Esperando, temeroso, o seu próprio fim

E destilando pessismo por tudo que resta.

Invejo os loucos que se furtam à realidade

E aos ignorantes que simplesmente não a veêm

Fechando os olhos para a decadente humanidade.

Aqui é o inferno ao qual muitos temem!

FernandoNogueira
Enviado por FernandoNogueira em 25/09/2009
Código do texto: T1831808
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