Morte nordestina
Dizem que Deus é trino
Que eu sou menino
Que sou um bruto felino
Um Queiroz Severino
O teocentrismo me impõe esse destino
Mas algo dentro de mim
Diz que isso não é assim
Que eu posso mudar o fim
Que calar, não é dizer sim
Ainda vivo a fim
Eu quero me deitar
E amanhã acordar
Sem conselho e sem baba
Eu quero errar
Pois no teu alvo, não vou mirar
Vou pisar nas flores
Rir das minhas dores
Vou assombrar meus temores
Vou causar horrores
A vocês, arcaicos mentores
Nordestino morre no pólo
Fora do seu solo
Da família perde o colo
Eu sou, e agora choro
A poesia é o lugar onde moro
Não quero lagrimas na morte
Pois tive uma vida forte
No túmulo, você não mudará minha sorte
Viajo da vida, sem porte
Por favor, enterre-me no norte
Agora escurece minha vista
Levei um tiro, na revolução comunista
A igualdade não é prevista
Pois o capitalismo não baixa a crista
Não me beije, e não insista