Morte nordestina

Dizem que Deus é trino

Que eu sou menino

Que sou um bruto felino

Um Queiroz Severino

O teocentrismo me impõe esse destino

Mas algo dentro de mim

Diz que isso não é assim

Que eu posso mudar o fim

Que calar, não é dizer sim

Ainda vivo a fim

Eu quero me deitar

E amanhã acordar

Sem conselho e sem baba

Eu quero errar

Pois no teu alvo, não vou mirar

Vou pisar nas flores

Rir das minhas dores

Vou assombrar meus temores

Vou causar horrores

A vocês, arcaicos mentores

Nordestino morre no pólo

Fora do seu solo

Da família perde o colo

Eu sou, e agora choro

A poesia é o lugar onde moro

Não quero lagrimas na morte

Pois tive uma vida forte

No túmulo, você não mudará minha sorte

Viajo da vida, sem porte

Por favor, enterre-me no norte

Agora escurece minha vista

Levei um tiro, na revolução comunista

A igualdade não é prevista

Pois o capitalismo não baixa a crista

Não me beije, e não insista

Gilmar Queiroz
Enviado por Gilmar Queiroz em 15/09/2009
Código do texto: T1812321
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