Foi-se

Possibilidades escapam por entre os dedos.

Cai a máscara e só restam as maldades.

Em um nada de horror desaparece.

Brinca de fingir sobre os amores.

Desmoronam-se os castelos de sonhos

e são substituídos por pesadelos medonhos.

Cravam no peito os punhais do desespero.

Fustiga por todos esses atropelos.

Odor fétido de cenas devastadoras.

Tiram as vestes, os turbantes.

Não há razão para acreditar, se tudo foi em vão.

Foram-se as noites de pura imaginação.

Os dias presos a utopias tolas.

De um receber apenas esmolas,

Mas pensar serem presentes finos.

O melhor de alguém, verdadeiros hinos.

Não, não. Quanta tolice!

Juras de amor, meras crendices...

Horas de esperar pelo estar junto,

De correr e de deixar qualquer assunto,

Para se estar nos braços da pessoa amada,

Sem regras pré-definidas, instauradas,

Com liberdade e prazer,

Com amor e muita vontade de viver.

Tudo transformado em perfídias vis,

Cruéis, indescritíveis, não sutis.

Oh assolação fugaz que apunhala a alma,

Destrói o coração e toda a calma.

Assim que passar a dor e ficar a apatia.

Sofreguidão de estranha cor cinzenta,

Que mata a gula sanguinária dos vampiros,

Deixa lembrar antigos suspiros.

Menospreza a dor dos desvalidos

E sacia a fúria dos enlouquecidos.

Foi-se, escafedeu-se...

Teresa Azevedo
Enviado por Teresa Azevedo em 09/09/2009
Reeditado em 12/03/2018
Código do texto: T1801413
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