Do real e do imaginário
Viúva está a rua a terra adormecida. Parece sem vida.
Nos fundos imundos, cavernas do sub mundo fervilham.
Luxúria, obscenidade podre e faminta, vagos vagidos
Vagabundos emudecidos. Negrume, escuridão, o breu desceu.
Alvorada ameaçada, sombras vagas rápidas fugazes vazias.
Luzes? Pedaço de lua crua. Um carro que passa é ameaça no mistério.
Apontam sem nexo o facho de luz, que reluz, seduz, se distancia.
Cerrada noite, já basta de nefasta, tornada mortalha. Deus que nos valha.
Aurora implora a glória da manhã, extenua-se, a noite longa se alonga.
Nos cantos escuros cáftens fazem esperas, batem esporas de macho.
Modernas severas, aberrantes, cadavéricas, esborratadas, mascaram.
Avermelhadas, alvas e cruas, tossem, cospem sangue, escárnios, desdéns.
Vestimentas idiotas, com brilhos, surgem ao fundo da rua imponentes, são gente.
Cigarro caído no lábio queimado, chagado, chulos furibundos, olhar duro.
A caixa é magra. Vai uma estalada, ferve a porrada, ela farta reclama.
Dói-lhe o corpo, a alma contesta, na rua a cama é lama, acama a miséria.
Enfermiça se atiça, não te calas levas mais? Razões são delírios pervertidos.
Na noite se esvai, e mostra na clareza da manha, os rasgos de escombros.
Aos ombros da miséria severa, deveras desgraça, crepúsculo da vida.
Escondida na noite cerrada, desertas ruelas sem janelas, cansaço.
Do devasso e triste, apenas o eco de tacões do chulão, penteado
Iluminando o bigode com cuspo, conspurco, e da chinela de plástico arrastada.
Fraca e humilhada, segue o safado, seu único afecto abjecto.
Quer um afago, depois de porrada cortar o corpo esguio, inglório.
Desejos! O chulo arremessa-a para a vala da estrada, escarra-lhe em cima.
A água da noite fria escorre e limpa as feridas e mágoas da desgraçada.
Exangue deixa-se ficar a frieza da água desperta-a.
Na barraca solitária há umas borras de café no borralho
Ali a mascara é outra
O sol ilumina já o dia
Encolhe os ombros
É fadário.
.
De tta 09~09~06
Poema livre
Viúva está a rua a terra adormecida. Parece sem vida.
Nos fundos imundos, cavernas do sub mundo fervilham.
Luxúria, obscenidade podre e faminta, vagos vagidos
Vagabundos emudecidos. Negrume, escuridão, o breu desceu.
Alvorada ameaçada, sombras vagas rápidas fugazes vazias.
Luzes? Pedaço de lua crua. Um carro que passa é ameaça no mistério.
Apontam sem nexo o facho de luz, que reluz, seduz, se distancia.
Cerrada noite, já basta de nefasta, tornada mortalha. Deus que nos valha.
Aurora implora a glória da manhã, extenua-se, a noite longa se alonga.
Nos cantos escuros cáftens fazem esperas, batem esporas de macho.
Modernas severas, aberrantes, cadavéricas, esborratadas, mascaram.
Avermelhadas, alvas e cruas, tossem, cospem sangue, escárnios, desdéns.
Vestimentas idiotas, com brilhos, surgem ao fundo da rua imponentes, são gente.
Cigarro caído no lábio queimado, chagado, chulos furibundos, olhar duro.
A caixa é magra. Vai uma estalada, ferve a porrada, ela farta reclama.
Dói-lhe o corpo, a alma contesta, na rua a cama é lama, acama a miséria.
Enfermiça se atiça, não te calas levas mais? Razões são delírios pervertidos.
Na noite se esvai, e mostra na clareza da manha, os rasgos de escombros.
Aos ombros da miséria severa, deveras desgraça, crepúsculo da vida.
Escondida na noite cerrada, desertas ruelas sem janelas, cansaço.
Do devasso e triste, apenas o eco de tacões do chulão, penteado
Iluminando o bigode com cuspo, conspurco, e da chinela de plástico arrastada.
Fraca e humilhada, segue o safado, seu único afecto abjecto.
Quer um afago, depois de porrada cortar o corpo esguio, inglório.
Desejos! O chulo arremessa-a para a vala da estrada, escarra-lhe em cima.
A água da noite fria escorre e limpa as feridas e mágoas da desgraçada.
Exangue deixa-se ficar a frieza da água desperta-a.
Na barraca solitária há umas borras de café no borralho
Ali a mascara é outra
O sol ilumina já o dia
Encolhe os ombros
É fadário.
.
De tta 09~09~06
Poema livre