PISANDO OS VELHOS CAMINHOS
Tão doce o tempo de te ver sorrindo!
Lembranças vagas na rua escura,
bem longe o sol daqueles dias.
Tão triste a hora de estares longe
e eu só na vida sem carinho!
Eis essa velha escadaria
seu cheiro acre por onde meus pés
fazem caminho resignado.
Tão longe estás, de ti não tenho nada,
senão lembranças e vislumbres frágeis.
E a escada é íngreme, descer sem pressa,
o passo incerto e lento e trôpego,
faróis distantes são teus negros olhos
que a neblina esconde e o meu rosto gela.
Braços tão longos, mãos tão pálidas,
descer sem pressa os degraus da mesma escada,
que sempre volto a encontrar nas sombras,
quando quimeras se desfolham plácidas.
Descer ao mundo triste das pedras frias
pelo caminho que tão bem conheço
estar de volta ao meu pequeno e solitário abrigo.
Aqui serei de novo eu mesma por inteiro
no limo antigo de tristezas velhas,
aqui terei certezas já vividas
serei senhora de meus dias tão iguais;
abrigarei o corpo tão cansado
e o coração será meu travesseiro...