PISANDO OS VELHOS CAMINHOS

Tão doce o tempo de te ver sorrindo!

Lembranças vagas na rua escura,

bem longe o sol daqueles dias.

Tão triste a hora de estares longe

e eu só na vida sem carinho!

Eis essa velha escadaria

seu cheiro acre por onde meus pés

fazem caminho resignado.

Tão longe estás, de ti não tenho nada,

senão lembranças e vislumbres frágeis.

E a escada é íngreme, descer sem pressa,

o passo incerto e lento e trôpego,

faróis distantes são teus negros olhos

que a neblina esconde e o meu rosto gela.

Braços tão longos, mãos tão pálidas,

descer sem pressa os degraus da mesma escada,

que sempre volto a encontrar nas sombras,

quando quimeras se desfolham plácidas.

Descer ao mundo triste das pedras frias

pelo caminho que tão bem conheço

estar de volta ao meu pequeno e solitário abrigo.

Aqui serei de novo eu mesma por inteiro

no limo antigo de tristezas velhas,

aqui terei certezas já vividas

serei senhora de meus dias tão iguais;

abrigarei o corpo tão cansado

e o coração será meu travesseiro...

tania orsi vargas
Enviado por tania orsi vargas em 05/09/2009
Reeditado em 22/05/2011
Código do texto: T1793274
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