Progresso sem sentimentos.
Progresso sem sentimentos.
No abrir as janelas,
ouve o vento;
num amanhecer lindo, sereno:
respirava o ar limpo da manhã,
vendo o sol nascendo devagarzinho.
O seu primeiro amanhecer:
nesse campo verde colorido,
-nesse recanto:
teve a sensação,
de renovação, de nascer de novo.
Sentia-se renovado,
Sem sentir pressionado,
sem precisar de ternos, gravatas:
sem horários, carro, transito,
sem ansiedades.
O dia estava começando,
-com uma temperatura de oitos graus,
um friozinho, delicioso.
Volta à cozinha toma um café com pão,
pensando no dia maravilhoso lá fora.
Fazia tempo que queria está ali,
em silencio, sem ninguém para dar ordens,
pra reclamar, para contrariar.
sem vozes somente ele,
sem o barulho das cidades.
Agora estava ali, só: para escutar a natureza,
andar descalço colher flores do campo,
tomar banho de rio, de cachoeira;
falar com os passarinhos,
cantar ouvir o eco de sua canção,
tantas coisas mais que iria descobrir......
sentia-se como um pássaro fora da gaiola;
-uma sensação de paz de conforto, de liberdade.
Não era feliz, no meio do agito,
onde todos querem ter razão,
perdidos em conceitos, teorias,
esquecidos de si, dos sentimentos.
As preocupações, para ser o melhor,
competir, ganhar mais,
trocar de carro, casa nova,
sempre na busca do querer mais, mais dinheiro.
A sensação que tinha:
era que todos os que o rodeavam não tinham mais sentidos,
eram frios, como os edifícios,
como o asfalto como o ferro no concreto;
seus corações eram maquinas de calcular.
Seus olhos fitavam o nada, o vazio,
pareciam seres robóticos sem alma.
Para ele era o melhor que tinha,
o sitio onde estava agora:
a simplicidade, o contagiava, era o belo;
o amor estava nas coisas simples,
e havia descoberto, e por isso estava ali de corpo e alma.
Aqui não existem ruas asfaltos edifícios,
paranóias, loucuras, o vazio....
Reconhece o desenvolvimento,
mais não aceita o conflito que há,
-entre o progresso material,
e os seus sentimentos.
E por isso foge dessa parafernália,
do dragão voraz expelindo fogos pelas ventas.
que também queria devorar sua alma.
Não quer mais voltar,
nem que o chama-lo de fraco, medroso,
prefere ficar, fazer o que mais sabe: escrever,
colocar seus sentimentos no papel,
talvez alguém leia, escute e sinta,
assim igual a ele:
e venha lhe encontrar,
-confabular, compactuar, seus sentimentos,
quem sabe muitas gentes leiam,
e todos esses venham,
confraternizar....
uma vida diferente,
e talvez mais pessoas, vem,
e aos poucos vamos renovar,
quem sabe!
-esperar, que tudo mude;
talvez nem mude:
mais uma coisa sabe:
não consegue mais voltar.
Não se sente só, pelo contrario,
parece ter encontrado novos amigos,
junto com as aves e os animais;
e toda a vida que habita aquele lugar:
se sente, como eles,
com medo dos homens,
da civilização,
e da destruição.
Cláudio D. Borges.