ALGEMAS
Tuas mãos estão presas
por algemas menores que teus pulsos
as chaves foram roubadas pelo arauto
Você tenta procura-lo, mas em vão tornou-se
Os anos passaram
Tuas algemas enferrujaram
os pulsos estão magros
Não é forte como era anos atrás
Os ossos estão expostos
a visão de todos
A dor que antes você não suportava
Hoje faz parte do teu convívio diário
O grito não é grave nem mesmo agudo
são sussurros delicados que saem
dos teus lábios finos e mortos
Teus olhos que chamuscavam como chamas
Hoje choram sobre as brasas que não voltaram
a serem fogo
teus pés que antes corriam
hoje caminha lentamente
praticamente rastejando pela terra vermelha
e dura de tantos pés terem pisado antes dos teus pés
Você caminha hoje a procura da chave perdida
para abrir a algema que prende teus pulsos
Tua respiração não é mais como em tua adolescência
Hoje respira calmamente, quando pode fala menos
para reservar oxigênio em teus pulmões tísico
que se debatem contra o relógio do tempo
Tua vaidade hoje é superficial
não existe o reflexo no espelho
a te admirar em tua boêmia
Foi quebrada pelo teu ego quando moço
teu orgulho tenta se ver ao debruçar a beira de um rio
a efígie não é de um rosto robusto
São rugas e cabelos brancos
que descem com o um nó entre a garganta
ao tentar matar a sede que uiva
feito lobo solitário
a procura de sua caça
Tua algema te prendeu
em tua velhice
por não ter apreendido
a ser apenas um
homem em tua mocidade