ALGEMAS

Tuas mãos estão presas

por algemas menores que teus pulsos

as chaves foram roubadas pelo arauto

Você tenta procura-lo, mas em vão tornou-se

Os anos passaram

Tuas algemas enferrujaram

os pulsos estão magros

Não é forte como era anos atrás

Os ossos estão expostos

a visão de todos

A dor que antes você não suportava

Hoje faz parte do teu convívio diário

O grito não é grave nem mesmo agudo

são sussurros delicados que saem

dos teus lábios finos e mortos

Teus olhos que chamuscavam como chamas

Hoje choram sobre as brasas que não voltaram

a serem fogo

teus pés que antes corriam

hoje caminha lentamente

praticamente rastejando pela terra vermelha

e dura de tantos pés terem pisado antes dos teus pés

Você caminha hoje a procura da chave perdida

para abrir a algema que prende teus pulsos

Tua respiração não é mais como em tua adolescência

Hoje respira calmamente, quando pode fala menos

para reservar oxigênio em teus pulmões tísico

que se debatem contra o relógio do tempo

Tua vaidade hoje é superficial

não existe o reflexo no espelho

a te admirar em tua boêmia

Foi quebrada pelo teu ego quando moço

teu orgulho tenta se ver ao debruçar a beira de um rio

a efígie não é de um rosto robusto

São rugas e cabelos brancos

que descem com o um nó entre a garganta

ao tentar matar a sede que uiva

feito lobo solitário

a procura de sua caça

Tua algema te prendeu

em tua velhice

por não ter apreendido

a ser apenas um

homem em tua mocidade

Fany Caruso
Enviado por Fany Caruso em 30/08/2009
Código do texto: T1782972
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