solitario
No frio da madrugada
da noite a voz calada
onde nada acontece .
Apenas sombro e assombro
sopra o vento la fora
o tilintar da madeira
o crepitar da aurora .
Do luar a luz fumegante
por entre a neblina
de um céu cor de nada
no vidro o respiro embaçado
de dois amantes na madrugada.
Por entre este lençol
de orvalho
sussurros e juras macios
de quem ainda não dorme
sobre o manto verde da grama.
E os olhos que choram
as lembranças inevitável
que buscam na madrugada
o silêncio do nada
apenas o bater do coração
do seu próprio coração
com ritmo descompassado .
E quem chega fora de hora
vindo de qualquer lugar
ainda vê a luz
que não se apaga
no coração da cidade
o pulsar de um coração solitário .
Com o punho serrado
a segurar na mão
o que julga liberdade
a penas um gole que lhe corroê
as entranhas
serão suficiente pra lhe dar felicidade.
Um corpo que tomba
olhos que fecham
um último suspiro que se esgota
com as lembranças que apaga
com os silêncio chegou
com o silêncio se foi
dois amantes na madrugada.