HEI DE MORRER ASSIM...

Hei de morrer dum dilema

Numa extrema tarde finda...

Hei de morrer num poema

Na mais lenta morte linda.

Morrer numa febril ânsia

Por uma implicância à toa

Hei de morrer sem importância

Vendo a morte sendo boa.

Num estouro de um tropel

Debandando no natal

Que se alija com Noel

Soerguendo o seu curral.

Morrerei por causa alguma

Por nenhuma coisa tida

Por uma dor que se arruma

Sem origem contraída.

Numa praça vendo pombos

A procura de comida

Vendo gente em assombros

Indo aos tombos pela vida.

Hei de morrer de repente

Quiçá, nem me sinta mal!

Por uma estrela cadente,

Dormindo, lendo um jornal...

Poderei morrer à míngua

Talvez jovem ou idoso

Discutindo a nossa Língua

Com meu amigo teimoso.(...)

Hei de morrer, certamente!

De bestialidade humana

Que insana e tão friamente

Não se sente e não se irmana.

Vilmar Daufenbach
Enviado por Vilmar Daufenbach em 12/08/2009
Reeditado em 12/08/2009
Código do texto: T1750268