HEI DE MORRER ASSIM...
Hei de morrer dum dilema
Numa extrema tarde finda...
Hei de morrer num poema
Na mais lenta morte linda.
Morrer numa febril ânsia
Por uma implicância à toa
Hei de morrer sem importância
Vendo a morte sendo boa.
Num estouro de um tropel
Debandando no natal
Que se alija com Noel
Soerguendo o seu curral.
Morrerei por causa alguma
Por nenhuma coisa tida
Por uma dor que se arruma
Sem origem contraída.
Numa praça vendo pombos
A procura de comida
Vendo gente em assombros
Indo aos tombos pela vida.
Hei de morrer de repente
Quiçá, nem me sinta mal!
Por uma estrela cadente,
Dormindo, lendo um jornal...
Poderei morrer à míngua
Talvez jovem ou idoso
Discutindo a nossa Língua
Com meu amigo teimoso.(...)
Hei de morrer, certamente!
De bestialidade humana
Que insana e tão friamente
Não se sente e não se irmana.