EM ALGUMA PARTE DO NADA.
Uma parte do todo
ficou preso ao nada.
Partiu rumo a parte alguma,
em alguma parte do nada.
Presumo que tenha perdido o rumo,
o prumo de alguma perda
que ninguém sente a falta
por tratar-se de um nada.
Na rima complicada
escondo e escancaro meus desejos,
meus medos e minhas falhas.
Reconheço minha insignificância,
e rogo por ser imporante.
Não obstante,
deixei de ser inteiro
quando desisti de minha metade.
E a verdade seja dita,
mentira maldita,
que nesse ser habita,
e que me persegue
nos meus mais profundos
e confusos delírios, me donima e me irrita.
Pois, para viver não basta estar vivo,
é preciso olhar e enxergar,
é preciso querer e merecer,
é preciso viver de fato,
e não apenas por viver.
A agonia me corroe.
Lamento pelos meus lamentos.
Cada dia que passa é um dia a menos.
Vou deixando de viver,
me afogando num mar de lamúrias.
De tanto chorar,
minha alma sofre seca e sorrateira.
De joelhos me arrasto
em volta do muro que eu mesmo levantei.
Deixei a tristeza me perseguir
dentro do meu labirinto emocional.
Estou preso num cômodo sem portas abertas,
sem força pra sair.
Vivo da lembrança de quando era quatro quartos,
e não vivia pela metade.