EM ALGUMA PARTE DO NADA.

Uma parte do todo

ficou preso ao nada.

Partiu rumo a parte alguma,

em alguma parte do nada.

Presumo que tenha perdido o rumo,

o prumo de alguma perda

que ninguém sente a falta

por tratar-se de um nada.

Na rima complicada

escondo e escancaro meus desejos,

meus medos e minhas falhas.

Reconheço minha insignificância,

e rogo por ser imporante.

Não obstante,

deixei de ser inteiro

quando desisti de minha metade.

E a verdade seja dita,

mentira maldita,

que nesse ser habita,

e que me persegue

nos meus mais profundos

e confusos delírios, me donima e me irrita.

Pois, para viver não basta estar vivo,

é preciso olhar e enxergar,

é preciso querer e merecer,

é preciso viver de fato,

e não apenas por viver.

A agonia me corroe.

Lamento pelos meus lamentos.

Cada dia que passa é um dia a menos.

Vou deixando de viver,

me afogando num mar de lamúrias.

De tanto chorar,

minha alma sofre seca e sorrateira.

De joelhos me arrasto

em volta do muro que eu mesmo levantei.

Deixei a tristeza me perseguir

dentro do meu labirinto emocional.

Estou preso num cômodo sem portas abertas,

sem força pra sair.

Vivo da lembrança de quando era quatro quartos,

e não vivia pela metade.

Deep Blue
Enviado por Deep Blue em 10/08/2009
Reeditado em 15/12/2009
Código do texto: T1746738
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