RÉPTIL DO DESERTO
Ás veses, pois, que,
Nas dificuldades minhas,
Pareço-me, tal qual
Réptil que rasteja
No deserto árido
Em suas quentes areias...
Pra suportá-las, submeto-me
A suspender um pé e outro,
Não dando tempo a queimá-los,
Em borbulhas dolóricas...
Durante o meu dia
É o calor intenso
Que me assola e me fere,
E à noite, é o frio imenso,
Que congela até a alma
Deste caminhante desertino...
Vez em quando, se alivia
Minha situação dificulta,
Quando encontro um oásis verídico,
Sem ser-me miragem
Aos olhos de minha realidade...
E aí descanso-me,
Renovo as esperanças de,
Novamente, no deserto
De minha vida infinda
Rastejar, tal qual réptil,
Em busca de sombra e água, frescas,
Que o deserto, teimosamente,
Não fornece a réptil qualquer...