Desilusão...
Ardilosas manhãs brincam...
E os sentimentos confundem.
Dificultam todos os encontros
Como sarcásticas mãos que torturam
E riem do sofrimento que criam...
Pobres seres humanos machucados,
Escravos desse riso, em torvelinho,
Que se diverte ao ver chorar os sofredores
E os que amaram e viveram só de espinhos...
Na tarde, a cascavel esbranquiçada,
Sacode seus guizos e arma botes
Contra o indefeso passarinho
Colocado em sua cova serpentária.
À noite vem com sua bocarra aberta
E ri das dores dos pobres andarilhos
Que procuram não-se-quê, sem saber o não-sei-onde,
E buscam-se a si mesmos sem saber os seus caminhos...
Somos atores, pobres saltimbancos,
Ante o olhar do dono da triste e pobre troupe...
Não sabemos quem somos nem quais nossos caminhos...
Obedecemos como hipnotizados, figurinos...
A madrugada talvez sufoque as dores
Trazendo-nos a manta da escuridão lasciva;
No escuro, talvez, caiamos nos buracos
Que armamos para nós, nossas próprias armadilhas...
- E, tudo isso, em nome do amor...