Porta do passado
A porta semi-aberta
Esperando a sua entrada
Desde sua partida
Nada mais fiz, senão esperá-la
Não sei se é sonho ou ilusão
Mas fato é que a espero
Que resisto, persisto, insisto
Em crer que irá voltar
Fantasio este momento
Preparo-me para o encontro
Na cama lençóis ligeiramente dobrados
Um cheiro de fragrâncias no ar
Um CD pronto para tocar
Um som para ser emitido
Uma palavra para ser jurada
Ilusões, mente fantasiada
O tempo parou
Apenas o tic-tac do relógio
Alterna-se com o som da minha respiração
O vento balança a porta
Que se entreabre mais e mais
Revelando minha angústia
Meus olhos inquietos a observam
Desolados, frios e indiferentes
Só a saudade não é indiferente
Esta é intensa, crescente
Feito fogo que consome impiedosamente
Num impulso, levanto-me
Ligo a televisão, em intenso volume
O som adentra o quarto
Exorcizando o fantasma do amor
Distraio-me, saio da minha letargia
Percebo que passadas são as horas
Um novo dia então nascera
Fecho a porta do passado