ESCRITOR SEM EDITORA

Sou resquícios de carnavais

retalho de mulambo puído

sou pedaços de mim mesmo

fragmentos de minh'alma

brisa que o tornado engole

onda levada pela maresia

só um bosque devastado

pobre jardim sem flores

sou canavial amargo,

rapa dura sem do çura

apago o fogo da vida

apunhalo a mentira

sou falso guia de cego

mero lábaro estrelado

dormindo em berço esplêndido

eu olho mas não enxergo

durmo de olho aberto

acordo para dormir

mato a cobra e não mostro

nunca atiro pau no gato

como gato não como o rato

'tô no mato com cachorro

sou o ontem feito hoje

pego o sol com os olhos

caçando cachorro a grito

um jovem envelhecido

um velho rejuvenescido

sou artista sem platéia

escritor sem editora

Pô, ninguém publica meus livros!

Gilbamar de Oliveira Bezerra
Enviado por Gilbamar de Oliveira Bezerra em 07/07/2009
Código do texto: T1686297
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2009. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.