da doçura das flores mortas

como se pode conceber algo que mesmo em seu fim ainda soa doce? como uma voz em meio ao silêncio da tarde de domingo pode cantar bonitas melodias. ou o dia que irrompe azul depois de uma semana de cinza e o sol que nasce quando o céu deixa de sangrar. porque hoje eu joguei fora as flores, sabe. há dias que estavam secas e eu sem saber. o que fazer, onde colocar, as mãos no bolso, a voz e a face. secas. o que era? eu nem sei. não foi por falta de água ou de luz. às vezes as coisas estão lá e ainda assim faltam. porque nem tudo o que se pode dar é suficiente sempre. o que é preciso então. será o vento a tocar a pele? serão as flores a adubar a terra? um dia se fará jardim. e apenas é preciso esperar. talvez, o que nem mesmo se sabe. e sempre seremos nós mesmos e os caminhos tantos. quantas portas se abrirão? máscaras e sorrisos, versos e valsas. às vezes soam tristes, mas há doçura na forma como as folhas amarelam e caem quando é outono. o banco da praça está vazio. e mesmo esse silêncio me chega doce. porque das flores nascerão outras flores. os ventos trarão outras sementes. e seguiremos caminhando. às vezes a sorrir.

Dani Santos
Enviado por Dani Santos em 03/07/2009
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