ALTERNATIVA
Uma idéia ultimamente
ganha corpo na mente
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Mal me quer
bem me quer .... Mal me quer
o tempo escurece
a saída desaparece
olho os claros vestígios,
olho o que sobrou:
na mesa um velho ferro de passar,
à minha frente um decrépito ventilador
que insiste roncar,
mas alivia meu calor,
assim é o ano inteiro,
na parede o desbotado calendário
aponta hoje é 24 de fevereiro,
nada especial
só mais um dia afinal,
olho pela suja janela
vejo do outro lado do rio
que cruza a cidade
um velho prédio frio,
dedo em riste diz
"Você vai embora
nem te espero lá fora";
Ando por aí sem sentido,
solitariamente bebo todas cachaças da vida
não me embriago
sou a própria bebida,
fale de amor comigo, foi o pedido
não fui atendido,
os meu amores estão distantes
seguem os próprios rumos, um sem prumo,
e eu agonizo todos os instantes;
Não! Ninguém sabe do meu coração,
um coração que ama sim,
não me aponte falha
quem não passou pelo fio da navalha!
Quando as últimas portas se fecham
no espocar de uma noite festiva,
ganha corpo a última alternativa,
penso seriamente na opção;
Um abraço aos amigos
um beijo nos inimigos (se é que os tenho),
ao amor meu coração,
no mais
veremos todos no mundo da imaginação,
sem lágrima, sem medo;
No tempo derradeiro
deste especial fevereiro
digo com clareza, era
pra ser uma quimera...
Porém
continua viva a poesia,
ainda que o poeta esteja no silêncio da vida.
24/02/07
ANDRADE JORGE