QUE SE DANE...
Que se dane o mundo
De perspicaz incerteza,
Se quer viver morimbundo,
à fazer piruetas em proeza...
Na verdade, que se dane
Todo esse mundo vil, afinal,
E que ninguém à si reclame
Suas dores de ética moral...
Moralista, moralmente se é,
No que tange à se ter boa vida,
Se quer, sempre, sombra e água fresca
E bons pratos de comida...
Não se quer trabalho,
Se quer, sim, bom emprego,
Quem perde tempo trabalhando
Não tem tempo de ganhar dinheiro...
Não se pretende ser mais um
Na lista negra do governo,
Quer se pagar tributos em dia,
Para, de surpresa, não ser pego...
Muito mente, quem diz que é
Trambiqueiro e sonegador,
Trambiqueiro, até que se pode ser, mas,
Sonegador de obrigações, isso pois, jamais.