recomeço

Recomeçar

Soerguer o corpo depois do naufrágio

Limpar a fronte

Repleta de suores e de desejos

Edificar cada pensamento

Construído com vento e devaneios

soltos

com toque concreto

dos tijolos e das espadas

Recomeçar

Do chão

Do desvão

Do fosso aquecido pelo dragão

Recomeçar com o corpo bólido

E resignado

Qual cavalo combalido ao final da guerra

Que ainda acha o caminho de volta

Ainda que nada seja igual

Nada seja familiar

Nada seja comum ou vulgar

E, nas horas mesmas

de instantes tão exóticos

A água canta uma melodia plácida na fonte

lavando delicadamente as almas,

Embalsamando esse instante

De recomeçar

Trocar a montaria,

Afrouxar os arreios

Livrar-se das botas e dos rastros

Dos caminhos previsíveis e seguros

E aventurar-se no impreciso,

No duvidoso futuro que ainda

há de aparecer

construído do nada

e reunindo tudo.

Recomeçar

A roda cíclica da história

A dinâmica eterna das memórias

O giro que continua a produzir tontura e

Prazer no grande carrossel da vida.

GiseleLeite
Enviado por GiseleLeite em 24/06/2009
Código do texto: T1664895
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