Eu não conheço Santa Maria
O dia estava bonito, talvez por quê
Chovia muitos, não subiam raios
Que ricocheteavam no chão de
Asfalto ardente, negro e seco. O cheiro
De chuva anulava qualquer pensamento
Mau. O mal ás vezes é o próprio
Calor, que hoje se calara em Santa
Maria; Não sei como são as pessoas
Como não saem de casa, e quando
Lotam as praças. Há praças? Como é
A revoada dos pombos brancos que
Relampeiam o ar que sobe quente
Na praça em chamas, não sei se
Tais aves partem em revoadas, ou
Se são solitárias na rapina Não sei se
São negras como a noite, ou
Gélidas-alvas como a neblina.
Não sei como é a lua, ou onde é
O shopping mais próximo da tua casa
Não sei nem onde se encontra esta
Ou onde trabalha. Sei porém que os
Preços da Vera Cruz são salgados
Como seus charques, e que tu gosta de cães.
Não sei de que cor são os carros de policia
Nem se na rua existem estrelas, nem se estas
Brilham mais que meus olhos ao revê-la
Tenho certeza, porém, que teus olhos
Independem do momento pra brilhar
Não sei a cor das coisas, se combinam
Com as lixeiras. Não sei como são as
Rosas que te presenteiam ou quem as deu a ti
Não sei nem o tamanho do meu ciúme...
...Aonde você foi? Aonde você estava?
Eu não conheço Santa Maria
Não sei nem como chegar lá, não sei
Me achar sem ter que te gostar. Não sei se
Cai sobre na praça que te mostrei
Não sei se me quedo ébrio na praça
Que Inventei, eu não conheço Santa Maria.