SeNtEnÇa!!!

Foi por te amar imenso...

...que não existo em mim mesmo.

Foi por querer teu gosto, teu corpo e tua loucura...

...que rasguei minhas vestes e me vesti de sombra do medo.

Foi mendigando as migalhas do vazio...

...que saltei do abismo irrevogavelmente íntimo.

Foi o desejo triste de fecilidade chamejante...

...que me levou à sarjeta imunda do inconsciente

Foi pintando meu rosto com as cores do arco-íris...

...que exorcisei o fantasma sorridente do meu espelho.

Foi pelo vento...

...que, outrora, deitei minha alma numa lápide fria e nua.

Foi pelo choro...

...que invadi o casarão sombrio na noite indesejada.

Foi a dor...

...que me acompanhou pelas ruas à procura do já descoberto.

O improvável...

...que inundou o rio de reluzes que ofuscava minhas margens.

Máscara...

...que me sorria o punhal de gozo penetrando meu peito calado.

Foi sim...

...o não disfarçado, o não incoberto, o não dito.

Calem vossos olhares que pertubam o réu! O réu confesso! O réu... Culpado sois, óh infeliz delituoso. Suas lágrimas, pura insanidade comovente que não deleitam suas carícias inocentes em quem sempre jamais atingiram.

Condeno-te.

Grades de solidão te acompanham no resto de tua permanência térrea. O teu crime cometido contamina-lhe a carne, a face maldita de ânsia pagã. Como fruto proibido, pecastes em vão. E teu castigo, óh ser medilcre, é terminar tua singela existência assim, em plenitude ausente. Sofra o silêncio de não ser ouvido. E conforma-te, pois repousarás em breve nos braços daquela que te espera em verdade. O teu destino preparado.

......................................Execução............................................

Saulo Sozza
Enviado por Saulo Sozza em 07/06/2009
Reeditado em 07/06/2009
Código do texto: T1636817
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