O QUE É QUE EU SINTO?

O QUE É QUE EU SINTO?

(Poema de um ego ferido)

Algo confuso

Como um labirinto

Como Ícaro

A fugir do Minotauro

Duas faces da mesma cara

Da qual não estou livre

Pegando nas asas

Fugindo para as estrelas para me salvar

Mas enganei-me, não é de noite

É dia

E por isso as minhas asas de cera

Estou sempre a queimar

Nos meus Domínios Supremos

Nos quais sou Deus e o Diabo

Na inconstância das máscaras

Que me fazem estar do outro lado

O lado negro da Força

Que me seduz pela sua dor

Universos lá estão à minha espera

Quando estou abandonado

Por tudo e por todos

Mas nunca pelas palavras

Que dedico erraticamente

A quem julgo que a minha alma salva

Mas puro engano

Gigantesca ilusão

A esperança está em nós

E só em nós reside a salvação

Quem nos rodeia são apenas personagens

Na grande tragédia a quem chamaram existência

Sós somos

Uma invencível potência

Porque nunca nos desiludimos

Entre nós o jogo é claro

Nenhuma partida é perdida

Nenhum jogo ganho

Porque as palavras como o inferno

Estão cheias de boas intenções

Os actos provam quem somos

Justificam as razões

Que são tão raras

Como água no deserto

E é por isso

E por demasiados poemas

Que nunca te, vos, poderei ter por demasiado perto